segunda-feira, 14 de março de 2011

Empresas e clubes - até onde as parcerias podem ajudar o esporte

Por: Frederico Carvalho

É muito comum vermos na Superliga de Vôlei (mas também na Liga Futsal, NBB, entre outros) clubes que aparecem e desaparecem em um espaço curtíssimo de tempo ou mudam de sede (se isso não te soa estranho imagina o Flamengo disputando o Campeoanto Paulista ou o Cruzeiro desafiando a dupla Gre-Nal no Gauchão). Isso se deve às parcerias criadas com os clubes de futebol (em alguns casos), cidades e empresários. Ultimamente essa moda anda atingindo o futebol, com a ida do Grêmio Barueri para Presidente Prudente (Grêmio Prudente) e do Guaratinguetá para Americana (time homônimo).

O vôlei é um esporte onde a dependência de patrocínio é imensamente maior que no futebol. Traçando um paralelo: no futebol, clubes têm patrocínios; no vôlei, “patrocínios têm clubes”.

Um dos princípios da negociação diz que um negócio só é bom quando satisfizer as partes envolvidas. Em uma parceria para um clube de vôlei ou futsal as partes são: poder Público e Privado.

Um exemplo de relação entre empresas privadas e o setor público é o caso do Centro Rexona de Excelência que foi instalado no Paraná em 1997. A parceria ocorreu entre o Governo do Paraná e a empresa Unilever (que usou a marca Rexona).

O Governo ficou responsável em manter o local onde a seleção treinaria, o Ginásio do Tarumã, em ordem e reformá-lo. Além dessa responsabilidade, o governo escolheria as escolas onde seriam implantados os núcleos esportivos de voleibol. A Unilever seria responsável pelo time profissional, no pagamento dos atletas, técnicos, dos materiais utilizados e das viagens para campeonatos.

Todas as vantagens foram analisadas pela Unilever para que esta obtivesse o “marketing” almejado para o desodorante Rexona, o “rejuvenescimento” e a divulgação desta marca. A empresa analisou em qual esporte investir, onde tivesse menos contato físico e mostrasse a preocupação do cuidado com o corpo. Dessa forma escolheu o vôlei, segundo esporte mais praticado no país e a equipe feminina, mostrando um lado sensível, preocupado em cuidar do corpo. Bernardinho aceitou coordenar o projeto e ser técnico do time.

Em 2003, num caso raro de transferência com sucesso, a equipe se mudou pro Rio de Janeiro (muitos dizem que a saída de Bernardinho em 2001 foi determinante para a transferência do time, mas não entraremos em discussão para saber qual o motivo da transferência, porém A Unilever afirma que chegou a um ponto que o investimento feito não estava mais sendo compensador.). Em 2004 Unilever incorporou a marca Ades ao projeto, passando a chamar Centro Rexona Ades de Voleibol. Fazendo uma rápida observação: um dos fatores que atrapalham na solidificação de times no vôlei é o modo como a mídia  chama os times. O Rexona Ades é chamado de Rio de Janeiro, apenas para ficar no exemplo do texto.

Juntaram-se ao time os seguintes parceiros: Metrô Rio, Site Ingresso Rápido, Pólo Gastronômico da Tijuca e CBV; proporcionando várias vantagens ao torcedor. Hoje a equipe conta com várias atletas da seleção, o treinador Bernadinho e o posto de maior vencedora da Superliga de Vôlei Feminina.
Vimos um caso de sucesso de transição de sede, onde os resultados fazem jus ao o investimento privado e público. Mas nem todas as parcerias são assim, a falta de retorno financeiro e esportivo são as grandes causas dos desfechos, entretanto a Unilever nos mostrou que é possível fazer marketing esportivo fora do futebol.

Fazendo uma crítica à minha afimação de que “no vôlei, patrocínios têm clubes” o Finasa desfez a parceria com a prefeitura de Osasco, que manteve o time. Com a nova parceira, a Sollys, o time é o atual campeão da Superliga (em cima da Rexona/Ades), após quatro vices consecutivos para o time carioca.

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