segunda-feira, 2 de maio de 2011

Com museu à la iPad, Barça exalta Catalunha e conquista da Espanha

Por: Thiago Dias para o site GLOBOESPORTE.COM (fotos de Thiagos Dias)
As placas em catalão deixam claro que o local tem algo bem diferente do restante da Espanha. Orgulho de uma região chamada de país e que já tentou a separação, mas que também comemora o título da Fúria na última Copa do Mundo como se fosse praticamente todo seu. Em um museu interativo, com salas que lembram aparelhos de Ipad gigantes, o Barcelona encanta os visitantes exibindo glórias e provoca os rivais lembrando velhas polêmicas e conflitos.

Após pagar 19 euros, o torcedor atravessa uma rampa para entrar na “Experiência Camp Nou”, nome do tour pelo museu e dependências do estádio do Barça, com direito a chegar bem perto do gramado e até tirar foto com a taça da Liga dos Campeões conquistada em 2006. Na rampa, uma mensagem em catalão demonstra o sentimento do clube: “Estamos deixando nossa pele”, ao lado da foto de Lionel Messi, David Villa, Andrés Iniesta e Carles Puyol.

Além do orgulho de seus títulos e craques, o Barça faz questão de demonstrar seu orgulho pela Catalunha. Há painéis dedicados ao “país” com fotos e textos citando o compromisso do clube em defender as cores da região autônoma. Torcedores sempre reclamaram que o Real Madrid foi favorecido pela ditadura do militar Francisco Franco, que assumiu o poder em 1936. Logo no início do museu, uma referência à polêmica lembrando um fato que poderia ter mudado a história dos dois clubes: a chegada do argentino Alfredo di Stéfano.

Braçadeira de capitão de Puyol
Em 1953, Barça e Real tentaram contratar o craque. O clube catalão negociou com o River Plate, que detinha o passe do jogar, e chegou a apresentar o atleta como reforço. O time de Madri acertou com o clube colombiano Millonarios, onde Di Stéfano jogava por uma liga não reconhecida oficialmente. O museu do Camp Nou exibe a foto do argentino com a camisa do Barça e culpa Franco pela ida do craque para a equipe merengue: “Uma estranha manobra franquista resolveu que Di Stéfano jogasse uma temporada por cada clube. Sem aceitar a decisão, o Barça desistiu do jogador”.

Se parte dos catalães torceu contra a Espanha na última Copa do Mundo, por causa da rivalidade com Madri e pelo sentimento de separatismo, o museu do Barça tem um local reservado para a conquista da Fúria. Mas sem deixar de dar uma provocada: uma foto mostra a seleção de Vicente del Bosque comemorando e um texto lembra que todos os gols espanhóis na África do Sul foram marcados por atletas do Barcelona.

Deixando as rivalidades de lado, a “Experiência Camp Nou” permite que os visitantes tenham a história da equipe catalã na ponta dos dedos. O museu não economiza em tecnologia e usa telas sensíveis ao toque, permitindo que o torcedor veja gols, fotos e textos ao mesmo tempo. Momentos marcantes de ídolos brasileiros, como Evaristo de Macedo, Ronaldo, Romário, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho estão lá, assim como as fichas dos jogadores do atual elenco. Neste ponto, há até uma gafe: os nomes de Ibrahimovic, Henry e Rafa Márquez, que já deixaram o clube, aparecem como se ainda fizessem parte da equipe de Pep Guardiola.

Na sala de troféus, o maior orgulho é a vitrine com as seis taças conquistadas em 2009, um ano histórico para o Barça: Liga dos Campeões, Copa do Rei, Campeonato Espanhol, Supercopa da Espanha, Supercopa da Europa e Mundial de Clubes. O período é considerado o melhor da vida do clube e um jogador é o mais exaltado: Messi.

Há várias camisas do argentino espalhadas pelo museu, além da Bola de Ouro recebida pelo craque em 2009 por ter sido eleito pela revista “France Football” como o melhor jogador do mundo.

Após ver as conquistas do time, o visitante conhece os vestiários, a sala de imprensa e o gramado. O final faz alguns fãs até se emocionarem: um telão enorme exibe gols e comemorações de títulos marcantes, como o da Champions de 2009. Em frente aos vídeos, torcedores vibram como se estivessem vendo os jogos ao vivo. É a mistura de história, tecnologia e emoção na experiência do Camp Nou.

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