terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

E o lucro com o Ronaldinho Gaúcho vai para...

Por: Frederico Carvalho Lopes

Primeiro gol com a camisa do Flamengo
Pronto, ele voltou mesmo (e até gol já fez)! Passado todo o período de negociações (longo período!), ganho de ritmo de jogo e, finalmente, a tão aguardada estreia do último grande craque brasileiro (me perdoe, Kaká. Ah, Neymar e Ganso ainda não são craques, apesar de possuírem tudo pra ser) podemos debater com mais objetividade e menos especulações sobre qual receita Ronaldinho fornecerá ao Flamengo e a outros envolvidos nessa transação. Há muitos comentários que o Fla não saberá ganhar dinheiro como o Corinthians, mas vamos aos fatos?

A cota de patrocínio do primeiro jogo foi de 600 mil reais da Visa e 300 mil da Cielo. Numa comparação com Rivaldo: é fato que o RG atrai muito mais mídia que o Riva e o mesmo vale para o Flamengo em relação ao São Paulo (nesse último caso a distância não é tão grande). O SP também negociou com a Visa o patrocínio para a estreia do seu camisa 10 (última quinta-feira) e conseguiu 500 mil reais. Quer outro detalhe? O jogo do Fla foi transmitido pela TV aberta, o do SP não. Então fica evidente que o Flamengo (ou a Traffic?) começou muito mal a negociar seus patrocínios com o RG. Aliás, começou mal mesmo: o que foi a apresentação dele? Com uma mente mais ousada o Fla já arrecadaria alguns milhares (podendo chegar a milhões) de reais. A torcida rubro-negra é um show à parte e a diretoria deveria ter organizado melhor a festa de modo que começasse a gerar receita. Se for comparada à apresentação do Fenômeno, vimos o quão aquém das expectativas foi. Enfim, é evidente que o Flamengo poderia ter começado melhor, mas isso já passou eu não vêm mais ao caso.

O grande diferencial da contratação de Ronaldinho pelo Fla em relação ao Fenômeno é a Traffic, que passará a negociar todos os patrocínios de uniforme do Flamengo, abocanhando um percentual de 20% do valor dos contratos, ou seja, o Flamengo irá terceirizar a procura de patrocinadores. Os R$ 8,5 milhões anuais da BMG, renovados em 2010, não renderão lucros à parceira neste ano, mas o espaço principal do uniforme está na iminência de ser vendido a um novo patrocinador. Esse patrocínio é um caso à parte, especula-se que será “vendido” por R$35 milhões. A diretoria rubro negra estabeleceu para si um patamar mínimo de R$30 milhões. O contrato com a Batavo em 2010 era de R$22 milhões. Caso o novo contrato ultrapasse a marca dos R$30 milhões, o valor excedente será dividido: 30% do valor excedente ficam com o clube, 20% para a Traffic e 50% para Ronaldinho Gaúcho. A Hypermarcas é uma das interessadas.  Além dos contratos envolvendo anúncios no uniforme, a empresa lucrará com ações de marketing e lançamentos de produtos oficiais do Flamengo envolvendo Ronaldinho.

Em sua estreia pelo Rubro-Negro
A Traffic foi quem deu a garantia ao AC Milan (ITA, o antigo clube do craque dentuço) do pagamento da multa de R$9 milhões (dizem que esse foi o principal motivo do Gaúcho vestir a camisa do Mengão). Vale lembrar, também, que a empresa é responsável por R$800 mil mensais do salário de R10. O salário base gira em torno de R$1 milhão.

“O contrato é ótimo, bom para todo mundo. Tudo que envolver Ronaldinho e Flamengo tem que passar também pela Traffic. Não há uma autonomia absoluta de uma das partes. Mas como tudo foi muito positivo, não há porque achar que haverá algum problema nisso. É uma tomada de decisão em conjunto”, analisou o vice-presidente de marketing, Henrique Brandão. Ele também disse que nem Ronaldinho, nem a Traffic, ficarão com royalties da camisa oficial. “Mas se for feita uma camisa exclusiva do Ronaldinho, por exemplo, aí sim isso pode ser negociado. Mas a camisa oficial é do clube”.

Enfim, na superfície o contrato é altamente vantajoso para todos. O Flamengo ganha uma visibilidade enorme, aumenta suas receitas com patrocínio, bilheteria, vendas de produtos oficiais e pagará R$200 mil mensais a um jogador com a qualidade do Gaúcho. Mesmo que o Fla não tenha contratado o RG do Barcelona, o do Milan seria titular em várias partes do mundo. O jogador também ganha: mantém seu salário “estilou europeu” no Rio; com praias, sambas e mulheres aos montes. E a Traffic? A Traffic também ganha, ganha dinheiro e, mais que isso, ganha um “aliado”; um clube em que ela poderá manter seus jogadores em evidência. Mas acho que seria muito se, no meio desse “ganha-ganha”, ela também ganhasse uns percentuais dos jogadores da base (possibilidade que não acho nem um pouco remota).

Se essa parceria será duradoura e vitoriosa? Bem, isso o tempo nos dirá...

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