Por: Frederico Carvalho Lopes
A Copa-14 está aí. Sim, daqui a três anos e meio teremos o maior evento do futebol mundial na “nossa casa”. Estádios estão sendo construídos, outros reformados e bilhões sendo gastos por “exigência da Fifa”. A Copa dura um mês. Trinta dias. Como manter um estádio, me perdoe pelo termo arcaico, é força do hábito, escreverei novamente. Como manter uma arena que foi construída por 500 milhões de reais e tem um custo de manutenção avaliado em torno de 5 milhões de reais/ano? Como fazer com que essa arena dê lucro? Exemplos não faltam.
O Arsenal lucra milhões com o Emirates Stadium, o “estádio da seleção brasileira” na Europa. Em 2006 o lucro dos Gunners foi de 26 milhões de dólares, com o “Efeito Emirates” o clube lucrou R$74 milhões de dólares em 2009. O primeiro passo foi vender o nome da arena por 15 anos para a empresa Emirates (no Brasil o Atlético-PR vendeu o nome da Arena da Baixada para a Kyocera. A AB passou a se chamar Kyocera Arena). Mas a principal fonte de renda é nos matchdays (dias de jogos). Não, os ingressos não são a principal receita nesses dias. No complexo do Emirates há 250 bares e quiosques. Nos matchdays o restaurante oferece 5000 refeições. Uma das maiores lojas de produtos licenciados de futebol do mundo, a Armory Shop (1000m²) é instalada lá. O estádio tem 60000 lugares, onde 7000 são Premium, com mais conforto e melhor serviço (como todos sabemos o serviço é um grande diferencial) e há 150 camarotes executivos, bancados por empresas. Não pára por aí, a gama de serviços inclui o “Arsenal Experience”, onde o torcedor é recebido por algum jogador do clube, ganha uma bola oficial autografada e tira fotos. Usando um ditado batido: “o jogo é um mero detalhe”.
Na Holanda existe a Amsterdam Arena, estádio do glorioso Ajax e primeiro com teto retrátil no Velho Continente. A exemplo do Emirates, também é um estádio rentável. É usado nas partidas de futebol americano e no “nosso” futebol. É possível visitar um dos cartões postais da Holanda por meio de uma visita guiada. Durante a visita você poderá ver o gramado, a sala de controle e de imprensa, o museu do Ajax, o café Soccer World e a loja oficial do Ajax.
E essas medidas são tradicionais em toda a Europa. Barcelona, Real Madrid, Manchester United, etc. Todos os grandes clubes europeus lucram milhões com suas arenas. Todas essas arenas são rentáveis, de modo com que os clubes possam continuar a fazer investimentos em seu plantel e, por consequência, se manterem no topo dos torneios que disputam. Fora da Europa, o Boca Juniors consegue uma receita interessante com a temida “La Bombonera” através de passeios ao estádio e outras maneiras.
Mas fica a pergunta: como tornar rentável um estádio no Brasil? Por que não seguimos os passos da Europa? Não entrarei no mérito da ética, de não se corromper. Vimos nos exemplos acima que o lucro se dá com pessoas, com atrativos principalmente em dias de jogos ou relacionados ao clube e à sua história. Mas como uma arena em Manaus (AM) pode dar lucro? Fica evidente que estamos construindo um “elefante branco”. Com todo respeito ao povo manauara, ao povo amazonense, mas o estado não tem condições de viabilizar uma arena deste porte, mesmo porque não tem um único clube nas principais divisões do futebol brasileiro. Como vamos convencer que é interessante construir uma arena em Cuiabá (MT)? Não é.
Muitos vão dizer que “o legado que fica para o país vale o dinheiro gasto”. É evidente que haverá legados na infraestrutura e na cadeira produtiva do país. O evento criará empregos (por volta de 3,7 milhões) e trará forte impacto para o aumento do consumo. Mas isso foge um pouco do nosso assunto, visto que estamos debatendo como fazer com que os estádios pós Copa dêem lucros e não se tornem um fardo para a sociedade e governo (temos alguns exemplos do Pan-2007, mas eu não incluiria o Engenhão).
Enfim, temos que aprender com os europeus o jeito de “fazer dinheiro”, pois as arenas ficarão cheias no período da Copa, o povo vai consumir dentro delas, mas e depois? Como vimos, formas de gerar receitas não faltam, basta que nossos dirigentes trabalhem pra isso. O fator “lucro com a arena” é importantíssimo para os clubes, que assim poderiam ter coragem (e caixa!) para brecar a saída de um jogador, negociar contratos de patrocínio ou com a TV. O futebol é o maior esporte do mundo, o Brasil é o país do futebol e mesmo com tantos problemas sociais podemos viabilizar nossas arenas pós Copa-14.
O Arsenal lucra milhões com o Emirates Stadium, o “estádio da seleção brasileira” na Europa. Em 2006 o lucro dos Gunners foi de 26 milhões de dólares, com o “Efeito Emirates” o clube lucrou R$74 milhões de dólares em 2009. O primeiro passo foi vender o nome da arena por 15 anos para a empresa Emirates (no Brasil o Atlético-PR vendeu o nome da Arena da Baixada para a Kyocera. A AB passou a se chamar Kyocera Arena). Mas a principal fonte de renda é nos matchdays (dias de jogos). Não, os ingressos não são a principal receita nesses dias. No complexo do Emirates há 250 bares e quiosques. Nos matchdays o restaurante oferece 5000 refeições. Uma das maiores lojas de produtos licenciados de futebol do mundo, a Armory Shop (1000m²) é instalada lá. O estádio tem 60000 lugares, onde 7000 são Premium, com mais conforto e melhor serviço (como todos sabemos o serviço é um grande diferencial) e há 150 camarotes executivos, bancados por empresas. Não pára por aí, a gama de serviços inclui o “Arsenal Experience”, onde o torcedor é recebido por algum jogador do clube, ganha uma bola oficial autografada e tira fotos. Usando um ditado batido: “o jogo é um mero detalhe”.
Amsterdam Arena |
E essas medidas são tradicionais em toda a Europa. Barcelona, Real Madrid, Manchester United, etc. Todos os grandes clubes europeus lucram milhões com suas arenas. Todas essas arenas são rentáveis, de modo com que os clubes possam continuar a fazer investimentos em seu plantel e, por consequência, se manterem no topo dos torneios que disputam. Fora da Europa, o Boca Juniors consegue uma receita interessante com a temida “La Bombonera” através de passeios ao estádio e outras maneiras.
Mas fica a pergunta: como tornar rentável um estádio no Brasil? Por que não seguimos os passos da Europa? Não entrarei no mérito da ética, de não se corromper. Vimos nos exemplos acima que o lucro se dá com pessoas, com atrativos principalmente em dias de jogos ou relacionados ao clube e à sua história. Mas como uma arena em Manaus (AM) pode dar lucro? Fica evidente que estamos construindo um “elefante branco”. Com todo respeito ao povo manauara, ao povo amazonense, mas o estado não tem condições de viabilizar uma arena deste porte, mesmo porque não tem um único clube nas principais divisões do futebol brasileiro. Como vamos convencer que é interessante construir uma arena em Cuiabá (MT)? Não é.
Sedes da Copa 2014 |
Enfim, temos que aprender com os europeus o jeito de “fazer dinheiro”, pois as arenas ficarão cheias no período da Copa, o povo vai consumir dentro delas, mas e depois? Como vimos, formas de gerar receitas não faltam, basta que nossos dirigentes trabalhem pra isso. O fator “lucro com a arena” é importantíssimo para os clubes, que assim poderiam ter coragem (e caixa!) para brecar a saída de um jogador, negociar contratos de patrocínio ou com a TV. O futebol é o maior esporte do mundo, o Brasil é o país do futebol e mesmo com tantos problemas sociais podemos viabilizar nossas arenas pós Copa-14.
2 comentários:
Para começo de conversa, eu acho que os estados que não têm times de grande expressão não deveriam ser sedes pq a possibilidade de uso dos estádios é praticamente nula. Nem sei se existe campeonato estadual no Amazonas... o Brasileirão está bem longe de chegar lá... se era pra escolher um estado no Norte, que fosse o Pará, que tem pelo menos dois clubes "grandes". Infelizmente, tenho a impressão que isso não foi levado em consideração para a escolha das cidades.
Fernanda, concordo totalmente com você. Adorei o termo "dois grandes no Pará". Remo e Paysandu (a vitória sobre o Boca na Bombonera mostra seu tamanho) têm torcidas formidáveis e feitos consideráveis. Mas prefiro não polemizar sobre a escolha das sedes.
Frederico Carvalho Lopes
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