Impulsionados pela exposição dada pelos grandes do futebol carioca, os clubes de menor expressão do Rio de Janeiro aproveitam os primeiros meses da temporada para faturar e divulgam marcas para diferentes públicos-alvo em suas camisas. Os acordos de patrocínio fazem das camisas de Quissamã, Nova Iguaçu, Bangu e cia. vitrines mais acessíveis financeiramente. De olho na repercussão, empresas expõem produtos que vão de creme para assaduras a material de construção, passando por cosméticos. Até homenagem a dirigente morto cabe nos uniformes.
O interesse das empresas em estampar marcas nas camisas dos pequenos é visto como fundamental para a sobrevivência durante a disputa do Estadual. Neste cenário, toda ajuda é benvinda, com direito a publicidades curiosas. A opção de ter um patrocinador master, porém, foi descartada pelo Boavista. O clube decidiu usar a parte mais nobre de sua camisa para homenagear um dirigente no Carioca-2013.
O uniforme tem a inscrição "Zé Luca" estampada na parte da frente e de trás. O empresário Zé Luca Magalhães Lins, morto em novembro de 2012 por causa de um tumor no cérebro, era dono do clube de Saquarema e é lembrado por iniciativa de seu irmão. O Boavista fará a homenagem póstuma até o final do campeonato, mas não descarta divulgar parceiros na camisa a partir do segundo turno.
“Tínhamos a BMG até o final do ano passado, mas o contrato não foi renovado. O falecimento do Zé Luca em novembro determinou essa homenagem, feita pelo irmão dele”, explicou João Silva, diretor técnico do Boavista. A homenagem, no entanto, pode ser deixada de lado em caso de uma boa proposta.
“Não atrapalha empresas interessadas, que têm outros espaços para divulgar a marca na camisa. As empresas interessadas podem chegar e nos fazer propostas, porque somos flexíveis em relação a essa homenagem. Poderíamos mudar em caso de uma boa proposta. Temos essa opção”, completou o dirigente do Boavista.
Outros clubes já se abriram para as empresas. O Quissamã tem parceira com a Zioxy, que produz um creme para prevenção de assaduras à base de óleo de jaca. Diones Silva, presidente do time do Norte Fluminense, exalta o acordo e diz que há espaço para que qualquer produto seja exposto no meio do futebol.
“Tenho certeza que há retorno para a empresa, porque o esporte desperta interesse em vários públicos. Com a marca no nosso uniforme, eles acabam atingindo o público de uma forma diferente”, lembra o cartola do Quissamã, clube que carrega outras três marcas na camisa e paga a sua folha salarial com a verba proveniente dos patrocinadores.
Outras empresas aproveitam os uniformes dos clubes pequenos do Rio de Janeiro para “vender” seus produtos. O Nova Iguaçu tem o apoio de empresa de cosméticos Niely, que está estampada na parte mais nobre de sua camisa laranja. O Bangu faz propaganda de loja de material de construção. Todas as marcas dividem espaço com outras. Portanto, os empresários ainda têm tempo para garantir uma publicidade nos campos cariocas – basta apenas uma boa oferta.
Matéria escrita por Luiz Gabriel Ribeiro para o UOL.