Confira os bastidores da queda de Mano Menezes

Reuniões secretas, pressões externas e pouca identificação com a torcida fazem patrocinadores agirem

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Os bastidores da troca de Mano Menezes por Felipão

No mundo corporativo, o consumidor sempre tem a razão, mas vamos fazer uma pergunta. Quem é cliente da Seleção Brasileira? A torcida ou os patrocinadores? A forma como aconteceu a queda do treinador Mano Menezes responde a esta pergunta com até certa facilidade.

Pesquisas indicavam que grande parte da torcida não aprovava o treinador e a campanha para sua saída se intensificou com a derrota na final dos Jogos Olímpicos de Londres, por 2 x 1 frente  ao México. Mas a direção da CBF bancou o técnico e o manteve para amistosos de pouca expressão e o Superclássico das Américas, jogo tapa buraco inventado pelas federações e TV.

Mas o problema se agravou em Londres, mesmo na busca de uma conquista inédita (a medalha de ouro no futebol) e o carisma de Neymar, a torcida não se empolgava e existia muita gente que declarava nas redes sociais que queria ver o Brasil perder por causa do treinador. A derrota e a reação do publico acendeu o alerta vermelho dos
patrocinadores da CBF e o primeiro passo foi dado.

Segundo uma pessoa ligada à direção da CBF, os patrocinadores pediram uma reunião com o presidente da entidade, José Maria Marin. Lá, eles ouviram que Mano teria a chance de conquistar a torcida com os jogos que viriam, principalmente com o título contra a Argentina (que era considerado certo por todos envolvidos). Mas o que veio depois fugiu ao script sonhado. Jogos contra adversarios de qualidade questionavel e goleadas sobre as fracas China e Iraque não animaram a torcida. O primeiro jogo do Superclássico não foi um show contra nosso maior rival (vitória de 2 a 1 em Goiânia), e a segunda partida foi adiada por causa de um apagão no estádio com as equipes em campo.

Então, veio a promoção para o milésimo jogo do Brasil. O estádio escolhido era o mesmo que Mano havia estreado no comando e o adversário, a Colômbia (que está em boa fase, mas ainda é vista como freguês pela torcida). Apesar de toda a promoção ao redor do jogo, o publico continuou sem se empolgar e Neymar ainda protagonizou um lance para entrar como um dos piores momentos dos 1.000 jogos ao perder um pênalti de forma ridícula e deixar o jogo empatado em 1 a 1.


Uma nova reunião entre representantes dos patrocinadores e a CBF foi marcada e a cabeça de Mano Menezes novamente pedida. A decisão ficou para a partida contra a Argentina na Bombonera, estádio do Boca Juniors. Em uma convocação onde só jogadores que atuam no Brasil podiam ser chamados, o treinador seguiu a cartilha, convocou todos que estavam em destaque nas pesquisas, montou o time como o público queria, mas o resultado foi uma derrota seguida de título nos pênaltis, a reação foi imediata: nas redes sociais, grande parte da torcida queria a eterna rival Argentina campeã - era o fim.

Marcado às pressas, um encontro com patrocinadores e CBF definiu o fim da carreira de Mano como treinador da Seleção, faltava definir seu substituto e aí descobrimos a força dos parceiros da entidade máxima do futebol. Segundo algumas pessoas presentes na reunião, o nome de Tite foi apresentado como sucessor natural de Mano por um já descontrolado Andrés Sanchez (Diretor de Seleções da CBF), que era contra a demissão de Mano, mas os patrocinadores queriam carisma para "trazer o público junto" (frase dita por um dos representantes). Muricy Ramalho foi lembrado, mas rechaçado pelos patrocinadores por seu estilo durão, eles queriam Felipão (que já havia sido questionado sobre a possibilidade de assumir o cargo após o fracasso em Londres).

Para acalmar os ânimos, o nome do treinador só seria anunciado após a decisão do Mundial de Clubes, que será disputado pelo Corinthians de Tite. Outra decisão tomada seria a de não se manifestar sobre o assunto naquele dia, a imprensa seria comunicada e as enquetes para substituir o treinador iriam povoar os noticiários resgatando um pouco do apelo junto aos torcedores.

Porém, um transtornado Sanchez saiu da reunião e em uma coletiva improvisada falou muito mais do que devia.

O resultado foi que com isso a CBF se viu obrigada a anunciar o acordo com Felipão antes do que pretendia e ainda efetivar Parreira como novo Coordenador Técnico. Dois nomes de peso, que agradam a torcida e podem mudar o panorama que os patrocinadores tanto temem.